quinta-feira, 25 de abril de 2013

FdaC: O (re)aquecimento do debate do aquecimento global

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(22/04)                  (29/04)



O debate nunca arrefeceu muito, uma vez que as consequências dos fatos científicos levantados acerca do aquecimento global (AG) atípico que estamos vivendo na atualidade são efetivamente contrárias a muito interesses econômicos que não querem saber de regulamentações obstaculizando seus negócios. Com a proximidade do lançamento do relatório do IPCC (em setembro deste ano), reaquece-se o debate e entram em campo os setores da mídia que tentam alimentar-se dessa anti-utopia configurada no negacionismo do AG (ver também aqui e aqui). Veja as engrenagens sutis do negacionismo em ação neste artigo do The Economist publicado em Carta Capital em 07/04/2013.




Uma das questões polêmicas neste complexo debate, porém, começa a ser respondida: um estudo de Marcott et al. publicado recentemente na revista Science sugere, após extensa e cuidadosa metaanálise de diferentes estudos, que o fato do inusitado aquecimento global atual, além de indisputável, parece ser basicamente de origem antropogênica, o que reacente as disputas científicas mas também ideológicas.

Em dois programas do Fronteiras da Ciência - este (AG3) e este (AG4) - o Professor Rualdo Menegat, do Depto de Paleontologia e Estratigrafia da UFRGS, entre outras coisas, autor do importante Atlas Ambiental de Porto Alegre, apresenta e discute esse trabalho e suas implicações.

Saiba mais lendo esse material:
http://cdn.greenoptions.com/3/32/329df6dd_Global+Warming+Political+Cartoon+06.04.jpg

A grande piscina global...

JAQ - reeditado em 02mai2013

11 comentários:

Chico disse...

Tem algo que eu não entendo pela minha óptica leiga em climatologia. O aquecimento global pelos gases estufa promove o degelo dos polos, reduzindo o albedo do planeta, e expõe matéria orgânica, antes congelada, à oxidação, ampliando a quantidade de CO2 na atmosfera. Certo?

Parece haver uma realimentação positiva (um ciclo vicioso de reforço) natural no aquecimento global, o que colocaria o clima terrestre num equilíbrio muito instável, como um pêndulo invertido. Entretanto, na natureza as coisas não costumam se apresentar em situação de equilíbrio instável, que seria difícil de ser mantida por causa da sensibilidade a perturbações.

Penso que deve haver fatores que forçam o clima para uma zona de equilíbrio, opondo-se às perturbações antropogênicas. Como num pêndulo normal, quando mais longe do ponto de equilíbrio, mais severas teriam que ser as perturbações para afastá-lo ainda mais deste ponto. Estes fatores existem? São bem conhecidos? Poderiam estar freando o aquecimento global e contendo-o numa faixa "tolerável" pelo planeta?

Jeferson Arenzon disse...

Acho que o sistema sempre tende a um equilíbrio estável. O problema é que não sabemos qual será esse novo estado. Uma nova era glacial? Uma atmosfera como a de Vênus. O que sabemos é que estamos nos afastando do atual equilíbrio, da nossa zona de conforto. Melhor não pagar para ver...

Chico disse...

Pelo jeito que as coisas andam, vamos acabar pagando para ver. Vou torcer para que o planeta não seja empurrado ladeira abaixo (e temperaturas acima) para outro ponto de equilíbrio estável diferente do atual. E, falando no problema energético, o pessoal do moto-contínuo deu mais notícias: http://www.rarenergia.com.br/. Por enquanto está parecendo uma máquina de triturar erva-mate.

Marco Idiart disse...

Chico atua colocação é muito interessante!
Só é facil achar sistemas em equilíbrio, pois eles permanecem mais tempo e permitem sua observação. Mas como disse o Jef existem diversos equilíbrios para um planeta. Basta olharmos em torno.
A terra tem diversos mecanismos homeostáticos para a vida (e por isto temos vida na terra). A vida aguentou meteoros, eras de gelo, vulcanismo, etc.. No entanto o fenômeno "humano" nunca aconteceu antes, e é capaz de não haver mecanismos que o compensem para a manutenção de vida humana. Ou seja, pode ser que de uma zebra e os mamíferos morram todos. Mas certamente a vida continuará, e alguns milênios depois teremos um planetinha legal de novo. Don't panic. :-)

Jorge Quillfeldt disse...

Alerta! Alerta!

Em 30/4/2013 14:43, Marco Idiart escreveu:
> A terra tem diversos mecanismos homeostáticos

A terra não tem mecanismos homeostáticos, só organismos os têm! A terra tem, no máximo, balanço de fluxos de entrada-saída e equilíbrios diversos, mas não
"homeostase", pois não há nenhum mecanismo de monitoramento vigiando-a, muito menos acionando outros mecanismos de correção.

Leiam mais aqui.

Jeferson Arenzon disse...

Solaris tem...

Jorge Quillfeldt disse...

Precisamente...

Marco Idiart disse...

Jorge
Eu deveria ter colocado aspas em homeostase.

Mas já que levantaste a lebre, gostaria que me explicasse como acontecem as ações de "vigiar" e "acionar mecanismos de correção" E porque um pêndulo, carece destas importantes propriedades?

Jorge Quillfeldt disse...

Marco,

Como disse acima, a explicação está nos comentários de uma postagem anterior neste mesmo blogue. Com referências e tudo.

Marco Idiart disse...

Jorge
Não me lembro de ter participado desta discussão sobre Gaia. Vou ter que ler então. Has de convir que "A terra tem, no máximo, balanço de fluxos de entrada-saída e equilíbrios diversos, mas não
"homeostase", pois não há nenhum mecanismo de monitoramento vigiando-a, muito menos acionando outros mecanismos de correção." é uma explicação muito precária. Pois eu como físico, não consigo decidir quem está lá vigiando a ameba. :-)

Jorge Quillfeldt disse...

É que eu, como também físico, mas escrevendo às pressas, esqueço, além das aspas, outras coisas. Compenso com metáforas.

Não te assustes que não há entidades 1984-like controlando o universo (mas dava um bom contyo do PKD), nem é necessário, neste caso saber quis custodiet ipsos custodes.