Faltou comentar sobre os intervalos proibidos pela Igreja Ocidental (há alguns séculos). Seriam intervalos de trítonos, que são compostos por uma diferença de três tons inteiros. Por seu som dissonante, causam uma sensação de tensão. São muito utilizados em heavy metal (aliás, em tudo!).
É verdade a sensação que estas combinações sonoras produzem, mas preciso alertar que esta história de que a "igreja proibia" é uma lenda urbana, particularmente difundida dentro da comunidade "metaleira". Eu explico: não se tem notícia de ninguém que tenha sido punido nem mesmo executado por utilizar esse intervalo musical, nem intensionalmente, nem por acidente. A verdade é que apenas não se costumava utilizá-los por que eram difíceis de produzir e soavam estranho, quando não "feio". Só isso.
É verdade que a palavra "proibido" aparece em alguns textos de história da música (por exemplo, aqui e aqui, mas com num outro significado... não se tratava de uma "proibição" de cunho político, mas apenas de uma INTERDIÇÃO TÉCNICA SUGERIDA, presente nos manuais de música da época. E é óbvio que vai grande distância entre meras tecnicalidades ou estética, e uma real proibição política.
As alegações de que essa sonoridade seria capaz de "evocar o mal" existiram, é fato, mas nunca chegaram a sustentar qualquer aparato legal ou punitivo (aliás, em se tratando de humanos, qualquer coisa é capaz disso, não é mesmo?).
O que aconteceu foi que, tal idéia acabou incorporada na mística (comercial) révi métal, colonizando o imaginário dos adolescentes-consumidores quando este público passou a ser alvejado pelo marquetchin a partir dos anos 60-70, fazendo-os crer estarem cometendo algum tipo de "pecado" ou contravenção, e, assim, consolidando um mercado cativo.
Por outro lado, aqueles interessados em bizarrices auditivas e ilusões sonoras deveriam dar uma olhada neste post aqui.
Bom, quando disse que eram muito usados em heavy metal, é no sentido de que geram um som tenso. Agora, se usam/ouvem porque eram proíbidos, aí não sei. Mas a noção que eu tinha era de que não utilizavam, pois a Igreja considerava que eram sons que evocavam o mal. Mas com o passar do tempo os compositores começaram a justificar seu uso, porque dão riqueza à harmonia. Beethoven utilizou na quinta sinfonia. Na sonata moonlight tem de sobra (música que estou aprendendo a tocar).
Somos um coletivo de professores e estudantes da UFRGS preocupados com a crescente presença do obscurantismo na cultura brasileira, inclusive no meio acadêmico, que deveria caracterizar-se pelo espírito crítico. Neste espaço pretendemos nos encontrar ocasionalmente para "jantar" e conversar: os pratos preferidos serão pseudociências, crendices, posmodernismo, mistificações e pensamento mágico, alguns, mera picaretagem, outros, equívocos notáveis. Todos evitáveis... portanto, brindemos! *** Alerta de Conteúdo Adulto: Neste blogue não achamos feio discutir religião.
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3 comentários:
Faltou comentar sobre os intervalos proibidos pela Igreja Ocidental (há alguns séculos). Seriam intervalos de trítonos, que são compostos por uma diferença de três tons inteiros. Por seu som dissonante, causam uma sensação de tensão. São muito utilizados em heavy metal (aliás, em tudo!).
http://en.wikipedia.org/wiki/Tritone
Oi, Gabriel,
É verdade a sensação que estas combinações sonoras produzem, mas preciso alertar que esta história de que a "igreja proibia" é uma lenda urbana, particularmente difundida dentro da comunidade "metaleira". Eu explico: não se tem notícia de ninguém que tenha sido punido nem mesmo executado por utilizar esse intervalo musical, nem intensionalmente, nem por acidente. A verdade é que apenas não se costumava utilizá-los por que eram difíceis de produzir e soavam estranho, quando não "feio". Só isso.
É verdade que a palavra "proibido" aparece em alguns textos de história da música (por exemplo, aqui e aqui, mas com num outro significado... não se tratava de uma "proibição" de cunho político, mas apenas de uma INTERDIÇÃO TÉCNICA SUGERIDA, presente nos manuais de música da época. E é óbvio que vai grande distância entre meras tecnicalidades ou estética, e uma real proibição política.
As alegações de que essa sonoridade seria capaz de "evocar o mal" existiram, é fato, mas nunca chegaram a sustentar qualquer aparato legal ou punitivo (aliás, em se tratando de humanos, qualquer coisa é capaz disso, não é mesmo?).
O que aconteceu foi que, tal idéia acabou incorporada na mística (comercial) révi métal, colonizando o imaginário dos adolescentes-consumidores quando este público passou a ser alvejado pelo marquetchin a partir dos anos 60-70, fazendo-os crer estarem cometendo algum tipo de "pecado" ou contravenção, e, assim, consolidando um mercado cativo.
Por outro lado, aqueles interessados em bizarrices auditivas e ilusões sonoras deveriam dar uma olhada neste post aqui.
Referências:
* Wikipedia: Tritone
* Medieval.org
* Mudcat.org
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Bom, quando disse que eram muito usados em heavy metal, é no sentido de que geram um som tenso. Agora, se usam/ouvem porque eram proíbidos, aí não sei. Mas a noção que eu tinha era de que não utilizavam, pois a Igreja considerava que eram sons que evocavam o mal. Mas com o passar do tempo os compositores começaram a justificar seu uso, porque dão riqueza à harmonia. Beethoven utilizou na quinta sinfonia. Na sonata moonlight tem de sobra (música que estou aprendendo a tocar).
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