sábado, 27 de junho de 2009

A polícia gaúcha e o pai-de-santo

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Parece ironia: na mesma semana que o Sindicato Médico do RS colocou uma nota paga nos jornais alertando contra a prática ilegal da profissão por curandeiros, a polícia gaúcha, ao investigar a morte do vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Marco Antonio Becker, anunciou que vai recorrer a um pai-de-santo que afirmou, com a ambiguidade e pouca especificidade típica desses casos, que o assassino seria “um inimigo de Becker, com muita influência no meio social”. A dica, nesse caso, foi dada pelos búzios. Já tínhamos visto cartas psicografadas serem usadas em tribunais por essas bandas e ajudado a inocentar o réu (o espírito, no caso, disse que ele era inocente, e quem poderia desconfiar de um testemunho desses?). Mas usar pais-de-santo, videntes, espíritas, etc para substituir o difícil trabalho investigativo, dedutivo, lógico, é novidade. Pelo menos para mim. E não funciona, nunca houve um caso resolvido pelo além. Por exemplo, o seriado "Medium" é baseado na vidente Allison Dubois (ver aqui e aqui também), a qual também nunca resolveu um caso, ao contrário do que o show mostra. O mesmo vale para todos, e as taxas de resolução de crimes não mudam.

Os búzios não dizem nada. As pessoas falam com espíritos e deuses, mas esses não respondem. Os espíritos não ditam livros ou pinturas. Os astros não interferem no destino das pessoas (com a exceção de alguns meteoros). Está bem que pessoas adultas acreditem no que quiserem, mas que nossas instituições façam uso de woo-woo, como chama o James Randi, é inadmissível, se não risível. Até onde irá esse processo de medievalização?

PS: a favor da polícia se poderia dizer que existe sempre a possibilidade do tal pai-de-santo ter ouvido de alguém, o que nesse caso, justificaria a investigação. Mas uma nota de esclarecimento seria de bom tom.

2 comentários:

Marcelo do Pagode disse...

Aí é sacanagem.
O pessoal da polícia tá precisando assistir uns episódios de Psych....

Já não bastassem as piadas diárias (de péssimo gosto) que temos que escutar dos nossos ilustres representantes no Congresso, agora a polícia me vem com essa.

Mauro Paz - Blogger disse...

Uma Piada, sem comentários.