segunda-feira, 31 de maio de 2010

James Randi e TED

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James Randi, e sua fundação, a JREF, oferecem um dos maiores argumentos retóricos contra as alegações pseudocientíficas: o seu famoso prêmio de US$ 1.000.000 para qualquer um que demonstre poderes paranormais ou algo do gênero (sob condições experimentais controladas). O prêmio é oferecido desde 1964 e até hoje ninguém chegou perto de ganhá-lo, na verdade, ninguém passou nos testes preliminares (entre 1964 e 2005, o número estimado de testes é superior a 1000). É importante ressaltar que o teste, normalmente proposto pelo próprio testado, é um protocolo aceito e assinado pelas duas partes. Por um lado (o lado cético), a explicação para os fracassos é simples: infelizmente não existem tais fenômenos. Outras explicações, dadas pelas pessoas que falham nos testes ou seus simpatizantes, vão desde a blindagem dos poderes pela presença dos céticos até fraudes (nunca demonstradas) na sua montagem. Muitas das pessoas, mas não todas, que se submetem ao teste apresentam genuína convicção em suas capacidades extrasensoriais e agem de boa fé. Os picaretas não chegam nem perto do teste. No vídeo abaixo (há legendas em português), uma das muitas conferências TED (fortemente recomendadas!), James Randi fala sobre várias coisas e conta um pouco sobre o teste:



Interessados em se submeter ao teste podem obter informações aqui (e nos mantenham informados!).

6 comentários:

Rafael Barfknecht disse...

Randi é sempre fantástico!

Chico disse...

O que me incomoda a respeito da homeopatia e das práticas mediúnicas é o tratamento diferenciado que recebem. Quem quer comercializar uma droga alopática deve dispor de um relatório de um estudo de longo prazo demonstrando benefícios objetivos e efeitos colaterais do medicamento. Soluções homeopáticas, entretanto, podem ser vendidas sem qualquer critério, apesar de sabermos que são somente placebos. Particularmente bizarro é o fato dos órgãos regulamentadores permitirem a venda de homeopatia justamente por saberem que ela não tem efeito algum e, portanto, não faz mal (nem bem). São covardes e omissos ao reconhecer como legítima essa prática e permitir que pessoas dêem dinheiro a farsantes (ou incompetentes) em troca de orientações absurdas (como não se vacinar - conselho dado pela maioria dos homeopatas) e medicamentos ineficazes, que muitas vezes substituem o medicamento eficaz no tratamento de uma doença séria, o que é um perigo real.

E se eu fosse um porta-voz, um advogado, um repórter ou um praticante de qualquer profissão que requeira falar em nome de outra pessoa, eu sofreria ações penais se mentisse descaradamente. Um psíquico pode fazer isso livremente, apesar do engodo ser óbvio.

Psíquicos e homeopatas nos dizem por suas ações impunes que podem fazer o que quiserem, normalmente valendo-se do dogma do respeito incondicional à fé.

Acho que o plural de "fé" é "fezes" mesmo, porque quando tem muita fé envolvida sempre dá merda.

Anônimo disse...

Esta semana passei por duas situações que me lembraram imediatamente James Randi.

A primeira foi um conhecido que me afirmou que, de vez em quando, a mãe dele é possuída por algum espírito (o demônio pelo jeito), tendo a família que correr para chamar o padre vizinho e assim que vê a cruz, o espírito a deixa. Fiquei chocada. Ir a um psiquiatra, ver se é algum tipo de epilepsia ou alguma crise psicogênica? Pra que, se ele SABE que é um evento paranormal. Depois de um discurso sobre o pouco que sei de neurologia e a importância de procurar um médico, acho que não consegui fazê-lo nem pensar na possibilidade de ser algo de origem biológica. Falei também no grande número de casos que acabam sendo fatais pelo fato de não procurar tratamento médico por acreditar em poderes de cura sobrenatural. Nada. Parece que rezar é mais confiável.

O outro foi um colega de universidade, falando sobre crises existenciais do tipo "qual o sentido da minha vida?" e concluiu dizendo "vou falar sobre isso com meu homeopata semana que vem. Ou talvez eu deva prcurar alguma religião....".
Talvez tomar algumas gotas de "nada em altas concentrações misturado com água" lhe traga respostas, ou talvez acreditar que deus o está vendo 24h por dia lhe traga um motivo pra viver. Fiquei queta. Não consegui nem achar engraçado :s

Tudo bem, no primeiro caso, falta escolaridade para o sujeito. Mas no segundo, é um universitário dando dinheiro para um homeopata...
Com informações aos montes por aí, falta às pessoas uma boa dose de ceticismo para que esses charlatões homeopatas e líderes religiosos não sejam considerados iluminados acima de qualquer suspeita.
Popularizar a ciência, criar aos poucos uma cultura científica "é o melhor remédio" contra estes males...

Chico disse...

Mas Nicole, nem todos os supersticiosos têm crenças mal fundamentadas. Às vezes eles até dão referências. Minha sogra vem com uma nova e maravilhosa superstição cada vez que eu a encontro (o tal do O Segredo, homeopatia, cirurgia espírita, achar água no subsolo com uma vareta, pensamento positivo, benzedura...). A última que ela me trouxe foi a leitura dos pés, em vez da leitura das mãos. Eu disse que isso não é leitura de coisa alguma. O cara apenas olha para o pé e diz alguma generalidade ou afirma algo sobre a pessoa que qualquer um gostaria de ouvir a seu respeito, como faz o horóscopo. Mas ela me surpreendeu ao me dar uma referência inquestionável: "Se fosse mentira ele não teria escrito um livro sobre o assunto, nem teria sido convidado para o programa da Ana Maria Braga".

Anônimo disse...

É mesmo, me fez lembrar um Globo Repórter, tema: o poder de cura da oração.
Mostraram o cientista conversando com o pessoal de um grupo de orações, deu a foto de algumas pessoas doentes para que rezassem por elas. Um outro grupo de doentes foi utilizado como controle.
O resultado, segundo ele, demonstrou que as pessoas que do grupo que "recebia" orações teve uma melhora significativamente maior do que aquelas do grupo controle.
Cientista no Globo Repórter, jalequinho branco e tudo mais. E aí? Meu pai que ficou muito feliz com a notícia.

Fernando disse...

Essa experiência mostrada no Globo Reporter é muito questionavel! Com certeza o método científico não foi bem aplicado, pois várias experiências similares, mas mais abrangentes, foram realizadas e com resultados mostrando que prece não funciona (a não ser um efeito psicológico para quem faz a prece). Veja um trecho da narrativa de Dawkins, sobre o assunto, em seu livro Deus, Um Delírio: "O dr. Benson havia sido citado antes, num material de divulgação da Templeton, como alguém que “acredita que estão se acumulando as evidências da eficácia das preces intercessórias no cenário médico”. O que garantia, portanto, que a pesquisa estava em boas mãos e que não seria sabotada por vibrações céticas. O dr. Benson e sua equipe monitoraram 1802 pacientes em seis hospitais; todos haviam sido submetidos a cirurgias de ponte de safena e/ou mamaria. Os pacientes foram divididos em três grupos. O grupo l recebeu preces, mas não sabia disso. O grupo 2 (o grupo controle) não recebeu preces e não sabia disso. O grupo 3 recebeu preces e sabia que estava recebendo. A comparação entre os grupos l e 2 testa a eficácia das preces intercessórias. O grupo 3 testa os possíveis efeitos psicossomáticos de saber que se está sendo alvo de preces. As preces foram feitas pelas congregações de três igrejas, uma em Minnesota, uma em Massachusetts e uma no Missouri, todas distantes dos três hospitais. Os autores das preces, como já foi explicado, receberam apenas o primeiro nome e a primeira letra do sobrenome de cada paciente por quem deveriam rezar. Faz parte da boa prática experimental padronizar as coisas ao máximo, e a todos eles foi dito, portanto, que incluíssem em suas orações a frase “por uma cirurgia bem-sucedida com uma recuperação rápida, saudável e sem complicações”. Os resultados, publicados no American Heart Journal de abril de 2006, foram bem definidos. Não houve diferença entre os pacientes que foram alvo de preces e os que não foram. Que surpresa. Houve diferença entre aqueles que sabiam que estavam recebendo preces e aqueles que não sabiam se estavam ou não estavam; mas ela foi para a direção errada. Aqueles que sabiam ser beneficiários de preces sofreram um número significativamente maior de complicações do que aqueles que não sabiam". Esse fato é explicado por ansiedade em corresponder ás expectativas das orações...