terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Cenário familiar?
- Sim, a ciência é um processo aberto no qual uma boa ideia pode vir de qualquer um.
- Sim, teorias amplamente acreditadas são ocasionalmente revolucionadas por simples experimentos mentais.
- E sim, teu diploma em filosofia te permite fazer perguntas interessantes ocasionalmente.
- Mas não revolucionaste a teoria da relatividade, um assunto que aprendeste há cerca de uma hora, com a ideia do "carro de corrida em um trem".
- Você apenas não gosta que eu lance um olhar racional ao seu dogma. Ei, qual é o telefone do presidente da Física?
Fonte: XKCD
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4 comentários:
Eu diria que é um cenário duplamente familiar.
Primeiro, é um fato que muitos filósofos, incluindo os eminentes, tão falando muitas asneiras sobre ciência. O Leiter Reports tá cobrindo um caso escabroso (começa aqui).
Segundo, é um fato que o estereótipo veiculado não ajuda em nada os não poucos filósofos que conhecem e trabalham com cientistas. Na fronteira entre filosofia e linguística (a qual é uma ciência indutiva no estilo clássico) o diálogo vai muito bem, e muito do que se descobriu de Chomsky em diante está virando teoria filosófica, como se vê no trabalho de Larson & Segal, Ludlow, Higginbotham e outros. Nada contra veicular o estereótipo, pois rir é ótimo. Mas seria tolo levá-lo ao pé da letra.
Caro César,
Se acompanhares o Blogue vais ver que o comentário tem alcance bem mais "doméstico" do que parece. Não é uma generalização indevida, aliás, nem sequer se dirige especificamente aos "filósofos", que no cartum me parece algo incidental: ele está provavelmente se referindo ao fato de que a pessoa birrenta tem grau de "Ph.D." - que no Brasil é dito "Doutor" mas que em inglês se refere a "Doutor em Filosofia" - o que NÃO significa que ele seja doutor EM Filosofia. Ele pode ser qualquer um.
A questão é que atualmente estamos experimentando um subproduto tóxico e viral da enorme e maravilhosa liberdade de expressão que a internet propiciou, e qualquer um acha que pode opinar impunemente sobre qualquer assunto mesmo quando não tem fundamentação.
Pessoalmente acho ótimo que seja assim, não condeno essa liberdade, pelo contrário. Ninguém é obrigado a nascer sabendo e estamos todos embrenhados num fascinante turbilhão educacional, com diferentes graus de responsabilidade. O problema é que nem todos são IGUALMENTE HONESTOS no usufruto dessa oportunidade, e, como deves saber, existe toda uma gama de "ferramentas" retóricas utilizáveis para se "sustentar" (no tempo, não em profundidade) qualquer discussão ad nauseam, consumindo, com isso, o tempo e a paciência de vários e, o que é pior, contaminando o "fundo" de informações circulantes na grande rede com mais material de péssima qualidade.
É um desafio que nós, cientistas e educadores do século XXI teremos de enfrentar, ou sucumbiremos.
Oi Jorge,
obrigado por responder. Agora saquei. :)
Mas, na verdade --- que bagunça! --- logo em seguida percebi que simplesmente não expressei o mais importante: a piada é ótima! :D
E, infelizmente, o que ela diz cabe em casos lamentáveis da minha área, como os relatados no blog do Brian Leiter. E lamento esses casos. De modo que meus comentários foram mais uma catarse a céu aberto do que qualquer outra coisa. Sorry!
Bem, tendo findado a terapia, só me resta perguntar: qual é o telefone do presidente da Física? Tenho um diploma, e bolei um experimento mental......
Abraço!!
Valeu! Vou explicar para ele o carro de corrida em um trem :P
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