sábado, 18 de julho de 2009

Homens na Lua, da série "Minhas conspirações favoritas"

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Pseudoceticismo fashion? O tédio é bastante criativo, e, em que pese o fato de que somos diariamente manipulados e logrados por uma medonha máquina de consumo - "compre isso", "use aquilo", "pense assim", "trate-se assado", etc - gostamos de crer que somos muito "ligados" e críticos... Ser "cético" - de preferência teimosamente - pega bem, além de permitir divertidas conversas e até mesmo "cantadas" ocasionais em festas e bares. Mas que espírito crítico é esse que faz com que tanto se fale na idéia de que o homem nunca pousou na lua?

Há exatos 40 anos a tripulação nave americana Apollo 11 estava voando a caminho da lua, onde pousaria no dia 20 de julho de 1969. Mais de 40o mil pessoas trabalharam diretamente ou indiretamente neste projeto, sendo que doze deles foram de fato até a lua e retornaram. Mesmo assim há quem creia tratar-se de uma grande conspiração forjada em estúdio de cinema para ganhar pontos na corrida espacial que estava em seu auge em meio à guerra fria. Assim, estamos a comemorar o quadragésimo aniversário de umas das teorias conspirativas mais populares de todos os tempos, embora os próprios números acerca de sua ocorrência não sejam confiáveis - afinal, são 6% ou 20% dos americanos que não creem na alunissagem?

Tais números foram inflados durante a estratégia de divulgação de um pseudodocumentário da rede FOX transmitido em 15 de fevereiro de 2001 - Conspiracy Theory: Did We Land on the Moon? (assista-o aqui; críticas aqui e aqui) assistido por 15 milhões de telespectadores. Esse evento midiático realimentou um mito que vinha desde a publicação, em 1974, do livro We Never Went to the Moon: America's Thirty Billion Dollar Swindle de Bill Kaysing. A farsa mostrada no divertido filme Capricorn One de 1978 pode tê-lo reforçado, mas foi o pseudocumentário* da FOX que disparou a onda final .

Vale a pena assistir ao programa Mythbusters produzido em 2008 (partes 1 -2 -3 -4 -5, não-legendado, lamento) no qual as principais componentes desse "mito" são desmascaradas, o que é especialmente interessante neste momento em que se tenta revivê-lo novamente.

Atualização em 10/05/2010 (JAQ): o vínculo da NASA mostrado
em "críticas", acima mudou de endereço (ache-o aqui) e a tentativa
de "reviver" o mito devido à burrada que foi a perda das fitas da NASA,
mencionada logo acima, também apareceu na Folha de São Paulo.

(*) UMA INTERESSANTE DISCUSSÃO: "Pseudodocumentário" é um termo que lamentavelmente não existe em inglês com o significado que aqui lhe damos, qual seja, o de um falso documentário, um embuste que produz a impressão de realismo mostrando informações forjadas ou registros mal-interpretadas com a intensão de mistificar ou enganar o público. Não importa que "ficção" possa assumir as mais inusitadas formas - consequência da liberdade de criação artística, que é muito ampla -, o bom senso sugere que há uma linha divisória (e nossa sanidade mental é fruto de um longo aprendizado que ensina a reconhecê-la), da mesma forma como há uma descontinuidade entre fazer-se uma piada de cunho racial ou sexual (cujo caráter de chiste depende totalmente do contexto) e a efetiva agressão discriminatória. Em francês existem dois termos muito mais explícitos, Faux Documentaire e canular - a tradução deste último ficaria um pouco pesada para este blogue, mas explicita magistralmente o que o "documentário" pretende fazer com seu público... É verdade que, em inglês, existe o termo mockumentary ("documentário de gozação") mas este é muito "generoso" (e tolerante) com o gênero, referindo-se principalmente a produções humorísticas (como Zelig,This Is Spinal Tap ouBorat) ou mesmo dramáticas (como F for Fake, de Orson Welles, e aquilo que se convenciona chamar de docufiction - não confundir com docudrama). Mockumentary não faz referência clara nem discrimina essa classe de produções que se apresentam como verdade: essa vaguidão do termo quiçá seja intensional da língua que abriga a maior indústria cinematográfica do planeta, mas nos deixa desarmados para denunciar farsas mal-intensionadas, como, por exemplo, documentários revisionistas ou... pseudocientíficos!

2 comentários:

Jeferson Arenzon disse...

e agora já temos as fotos dos locais de pouso:

http://www.nasa.gov/mission_pages/LRO/multimedia/lroimages/apollosites.html

sim, claro, havia me esquecido do photoshop...

indigente andrajoso disse...

"A noção de Grande Mentira como ferramenta de propaganda ideológica tem mais frequentemente sido usada para se referir a crença de que uma mentira, repetida com freqüência e berrada alto o suficiente, ignorando todas e quaisquer declarações que desmascaram a mentira, irá com o tempo ser acreditada pelas massas. A técnica da Grande Mentira refere-se a tentativas por propagandistas de usarem uma repetição enfática freqüente de uma mentira como meio para fazer as pessoas acreditarem nela. Isso é com certeza uma técnica de propaganda que os nazistas usaram repetidas vezes. Não é de forma alguma única aos nazistas ou a sistemas totalitários, visto que podemos observar vários empregos dessa técnica mesmo hoje na política moderna."